31 agosto 2005

Poesia de Juliana Rocha

esta não foi ao sarau, mas vamos dar uma "canja" pra ela mesmo assim:

Surpresas
Ao chegar encontramos surpresas
Surpresas, às vezes, até esperadas
Algumas que vêm pra marcar
Outras que são pra desconcertar
O certo é que vêm
E na maioria, são pro bem
Sua surpresa de hoje
Pode ainda não ter chegado
Mas não deixe que isso fique apagado
Perceba-a em pequenos movimentos
Mantenha-se atento
Pois é certo de que virá
Todos dias elas vêm no saudar
Mantenha olhos e coração abertos
E o corpo sempre desperto
Aproveite sua supresa de hoje
Pode até ser de repente
Mas ela é sempre seu presente.

Poemas de Débora Tavares

NANQUIM
não sei de mim
sei é que tenho uma alegria nos olhos
que a tristeza por vezes faz eclipse
e que minha vontade é mergulhar no que me aconchega
na palavra, na caneta
lambuzar-me na tinta preta
até me reescrever, inteira

ANZOL
meu pai não teve filho
meu pai aos 4 anos não teve mais pai
meu filho de 4 anos senta a seu lado
eles pescam a companhia que faltava

Sarau do Rato foi tudo de bom!


O sarau da Rato de Livraria foi maravilhoso, e isso só foi possível graças à presença “mágica” de nossos convidados. Há muitos artistas dentre nós... e foi um prazer descobrir isso.
Gostaríamos de agradecer a participação de todos, um a um, e ainda dizer àqueles que perderam a oportunidade que haverá novos saraus muito em breve.
Acompanhem os textos lidos no sarau, que serão postados neste blog durante esta semana!

22 agosto 2005

Nova geração da literatura brasileira

Amigos da Rato de Livraria,
gostaríamos de "gritar" a todos nossa indignação com as críticas realizadas à nova geração da literatura brasileira.
Sem nos estendermos muito, resolvemos postar a carta que nosso amigo escritor, Moacyr Godoy Moreira, enviou à revista Veja.
Leiam com atenção e manifestem opiniões.
Paula.

Carta à Veja

À seção de Cartas/VEJA
a/c Diretor de Redação

A literatura brasileira hoje: um contraponto


Na edição desta semana, a revista VEJA apresenta um breve panorama da literatura portuguesa (Uma outra linguagem) desde meados do século XX até hoje, exaltando o extraordinário talento dos novos autores, fazendo uma contextualização desta nova produção com a entrada de Portugal na Comunidade Européia e lamentando que muitos dos títulos ainda não tenham sido apresentados ao mercado brasileiro.
Curiosamente, a matéria que se sucede, Anos perdidos, assinada pelo mesmo articulista, aponta fragilidades no novo romance de Milton Hatoum, Cinzas do Norte, um dos mais importantes autores das nossas letras contemporâneas, respeitado por críticos e estudiosos dos mais renomados, premiado por diversos órgãos e instituições e traduzido na Europa e nos Estados Unidos.
No texto sobre os portugueses, insinua-se que, no período abordado, nada se tem feito de muito relevante na literatura brasileira e considerando este equívoco, ou esta simples ignorância – no sentido estrito do termo, da falta absolta de conhecimento de causa – gostaria de brevemente elencar alguns fatos que se contrapõem à postura deste mal-informado (preparado?) articulista.
Muito se tem discutido sobre juízos de valor para o que se fez nas letras brasileiras nas últimas décadas. Retrocedendo um pouco, nos anos de 1950-60, tivemos a publicação de algumas das mais importantes obras do século findo, como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa (1956) e Laços de família, de Clarice Lispector (1960) e trabalhos de Cecília Meireles, Vinícius de Moares e João Cabral de Melo Neto, para citar apenas três poetas.
No período das décadas de 1970-80, autores foram impedidos de publicar seus textos, por atitudes diretas do regime ditatorial, como os célebres casos dos livro Em câmara lenta, de Renato Tapajós e Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Surgiram nomes como João Gilberto Noll, Adélia Prado, Caio Fernando Abreu, Ana Cristina César, Sérgio Sant’Anna, Luiz Vilela e reafirmaram-se outros, como Ivan Ângelo, Lygia Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colassanti e Affonso Romano de Sant’Anna.
Estudos hoje, não apenas no Brasil, tentam compreender a postura de resistência ao autoritarismo na obra destes escritores, estudos que se aprofundam nas nossas principais universidades e por aí em institutos de Letras no Canadá, Estados Unidos, França, Espanha, Itália. Na América Latina, estudos do México, Argentina e Chile, principalmente, aproximam as experiências do continente para compreender melhor o flagelo da tortura e da extradição, além do desaparecimento sumário de militantes políticos e artistas.
Na década de 1990 e nos primeiros anos do século XXI, muitos autores brasileiros têm-se destacado, criando inclusive um interesse renovado dos grandes grupos editoriais por nomes nacionais. Para rapidamente citar algumas destas empreitadas, percebe-se o número crescente de escritores melhor assessorados e divulgados pelas editoras: Companhia das Letras (Amilcar Bettega Barbosa, Antonio Carlos Viana, Arnaldo Bloch, Bernardo Carvalho, Dionisio Jacob, Fabrício Carpinejar, Michel Laub, Patricia Melo, Rubens Figueiredo, Vilma Arêas); Cosac & Naif (Luiz Vilela, Marçal Aquino, Paulo Rodrigues, Rodrigo Lacerda); Objetiva (Ana Ferreira, Antônio Prata, Ferréz, Fernando Bonassi, Martha Medeiros, Sérgio Rodrigues); Planeta (Adriana Falcão, Cláudia Tajes, João Anzanello Carrascoza, João Paulo Cuenca, Joca Reiners Terron, Santiago Nazarian); Record (Carlos Herculano Lopes, Cíntia Moscovich, Edgar Telles Ribeiro, Heloísa Seixas, Letícia Wierzchowski, Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Marilene Felinto, Miguel Sanches Neto, Nelson de Oliveira); Rocco (Adriana Lisboa, Bernardo Ajzemberg, Cristóvão Tezza, Paulo Roberto Pires). Na verdade, muitos destes autores abarcados pelas grandes casas editoriais foram revelados pelo trabalho notável e heróico de editoras como Sete Letras (RJ), Ateliê, Escrituras e Boitempo (SP) e L&PM (RS) que se responsabilizaram por apresentar ao mercado as obras de estréia dos autores.
Como os escritores dos períodos anteriores, os ‘novos’ têm sido traduzidos e estudados no exterior. Jaqueline Penjon, chefe do setor de literatura brasileira da Universidade Paris IV (Sorbonne) tem trabalhado com as obras de Milton Hatoum. A Universidade do Texas (onde precocemente, em 1963, Clarice Lispector proferiu uma conferência denominada A literatura brasileira e as vanguardas) assim como o departamento de Letras da Universidade do Porto, em Portugal, têm se ocupado de autores surgidos a partir da década de 1990 no Brasil. Em termos de difusão de suas obras, Adriana Lisboa esteve recentemente na Espanha, Luiz Ruffato na França, Joca Terron em Portugal, Marçal Aquino no México. Entre os indicados ao prêmio Jabuti 2005, o mais prestigiado prêmio do país, estão o romance Vista do Rio, de Rodrigo Lacerda e os livro de contos de Cíntia Moscovich (Arquitetura do arco-íris) e de Edgar Teles Ribeiro (Amores mirabolantes, personagens clandestinos).
A relevância do trabalho literário no Brasil nos últimos anos salta aos olhos tanto no mercado nacional quanto no estrangeiro, interessando ao público e à academia (ver No país do Presente – ficção brasileira no início do século XXI, de Flávio Carneiro, professor de literatura da UERJ, publicado em 2005 pela editora Rocco). A imensa parcela da população brasileira que lê, como assinante ou como comprador esporádico, a revista VEJA, merece uma posição mais honesta, profissional e esclarecedora de obras e autores deste grupo, de forma a tomar conhecimento do trabalho literário sério que além de tudo tem levado o nome do Brasil além das fronteiras nacionais. A desinformação ou má-fé de um sujeito que insiste em diminuir ou ocultar a força destes trabalhos, registra-se como um desserviço à nossa literatura, elemento primordial de manifestação de um talento raro que nos marca desde os tempos de Castro Alves e Machado de Assis. Sugiro um dossiê sobre o assunto, como tem publicado eventualmente a revista suplementos sobre Saúde e Ciência. Assunto, autores e obras a serem citadas não iriam faltar. Como estamos em tempos de CPI e de trazer à tona verdades há muito ocultadas, por interesses escusos e mesquinhos, seria um momento de mostrar à sociedade brasileira que não somos a província iletrada que muitos insistem em vender como imagem definitiva.

Muito grato,


Moacyr Godoy Moreira

Autor dos livros Lâmina do Tempo (contos) e República das Bicicletas (crônicas), mestrando em Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP – SP. Autor de resenhas e estudos sobre literatura para jornais como Jornal do Estado (Curitiba-PR) e Zero Hora (Porto Alegre-RS) além de sítios especializados na internet.

Moacyr Godoy Moreira
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10 agosto 2005

Resenha - Mandrake a Bíblia e a bengala

O mais novo lançamento de Rubem Fonseca

Dois casos misteriosos obrigam o advogado criminal Mandrake a pôr à prova seu talento detetivesco. Depois de quase perder a vida investigando o furto de uma valiosa Bíblia impressa por Gutenberg, precisará solucionar o assassinato de um ex-cliente. O problema é que ele próprio é um dos principais suspeitos.

200 pgs.
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