31 julho 2006

Daniel Galera

Um garoto de dez anos, um adolescente de quinze e um cirurgião plástico entediado com o casamento. Ao retratar o protagonista de Mãos de Cavalo em três fases da vida, Daniel Galera constrói uma trama delicada sobre perda e culpa na formação de uma identidade.

Com este texto de apresentação, na quarta capa, Mãos de Cavalo impressiona e marca a estréia de Galera na Cia das Letras. Sem dúvida, um grande momento de um escritor tão novo e com tanto talento.

Neste sábado, às 4 da tarde, Daniel Galera é presença confirmada no Território Nacional na Rato. Haverá também espaço para autógrafos.
Contamos com sua presença!

Mãos de Cavalo
Daniel Galera
Cia das Letras
189 págs.
R$ 34,00

29 julho 2006

Vem aí o Território Nacional


"Isto não é diversão. Não é para você se divertir. A pena no papel. A faca no estômago. O sexo entre as pernas. O amor no coração. Cada palavra dói tanto em mim quanto em você, ou deveria. Furo seus olhos. Abro seu estômago. Preencho seus espaços, em branco e em vermelho."

Santiago Nazarian, prosador contemporâneo, com vários livros publicados, dentre eles A morte sem nome (Ed. Planeta), de onde retiramos o trecho acima, estará no Território Nacional, na Rato de Livraria, no sábado que vem. Santiago também publicou Feriado de mim mesmo, e está preparando um novo livro a ser editado pela Nova Fronteira.

Aguarde amanhã postagem sobre o autor Daniel Galera (Cia das Letras), que também vai participar do próximo Território Nacional ao lado de Santiago e Moacyr Godoy Moreira, no dia 05, sábado, às 4 da tarde na Rato.

A morte sem nome
Santiago Nazarian
205 págs.
Ed. Planeta
R$ 29,90

Feriado de mim mesmo
Santiago Nazarian
157 págs.
Ed. Planeta
R$ 32,00


Rato de Livraria
r. do Paraíso, 790
Metrô Paraíso
f: 3266-4476

27 julho 2006

Rato em dose dupla neste sábado

Durante o dia, no Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt, assista aos Embates literários e visite o estande da Rato com diversos livros com descontos.
Confira programação no site www.projetoidentidade.org.br
E à noite, abertura da exposição de arte contemporânea de Anike Laurita, na Rato. Cachaça, música e arte. A partir das 20 horas.
Não percam!

25 julho 2006

Cavalo perdido e outras histórias

O cavalo perdido e outras histórias é um lançamento da editora CosacNaify, que nos apresenta o escritor uruguaio Felisberto Hernández, pela primeira vez publicado em nossa língua. O livro tem prólogo de Julio Cortázar, posfácio, seleção e tradução de Davi Arrigucci Jr. Com estas informações, o leitor já tem em mãos material suficiente para comprar a obra.
Mas o blog da Rato não ficaria satisfeito apenas com teoria e crítica. Vamos pôr a mão na massa e trazer um pequeno trecho para o leitor se deliciar:
"Na sala de Celina havia muitas coisas que me provocavam o desejo de procurar segredos. Já o fato de estar só num lugar desconhecido era uma delas. Além disso, saber que tudo o que havia ali pertencia a Celina, que ela era tão severa e que reprimiria tão fortemente seus segredos, acelerava em mim uma estranha emoção, o desejo de descobrir ou violar segredos."

O trecho acima é do primeiro conto, que dá título à obra.

Este lançamento está com 20% de desconto na Rato.
De R$ 45 por R$ 36
f: 3266-4476

22 julho 2006

Culpa e transgressão

Dia desses, o cliente e amigo Élcio Roefero trouxe à Rato um belíssimo texto elaborado exclusivamente para a apresentação de sua palestra na Universidade Federal de Ouro Preto. Fiquei fascinada com a escritura do moço, então tomei o texto emprestado para postá-lo neste blog. Pra quem gosta de Clarice, é mais que um prato cheio, é um manjar dos deuses.


Culpa e transgressão: o gozo do mal ou uma aprendizagem do amor em “Os desastres de Sofia”, de Clarice Lispector

O conto “Os desastres de Sofia”, de Clarice Lispector (1920-1977), data, inicialmente, de 1964, quando publicado na coletânea A legião estrangeira. Posteriormente, em 1970, o texto foi fragmentado em cinco partes, apresentadas durante cinco semanas no Jornal do Brasil, época em que a autora era cronista daquele veículo. Em 1971, “Os desastres de Sofia” integra, ainda, o volume de contos Felicidade clandestina, que mistura textos inéditos aos textos já publicados em trabalhos anteriores.
Da leitura da obra de Lispector, temos a temática do mal recorrentemente revisitada por suas personagens e narradores. Assim, o sadismo que envolve parte dos seres de Lispector articula-se com a constante subjetividade de seus escritos. Na esteira de importantes estudos que agregam Literatura e Psicanálise, temos como proposta enveredar pela personagem-narradora de “Os desastres de Sofia” e investigar a conturbada e perturbadora relação construída entre ela e seu professor, numa maléfica relação edípica marcada, sobretudo, pelo sentimento de culpa e pelo comportamento transgressor da protagonista.
Num jogo especular, a personagem-narradora procura revelar o professor interiormente, uma vez que também enxerga a si mesma como um invólucro a ser decifrado. Essa identificação entre ambos – ambos desajeitados num mundo feito contra eles – conduz a menina ao incômodo desejo proibitivo de realização amorosa. Sendo assim, busca desesperadamente minimizar quaisquer qualidades do professor, visto que esse amor que sente e repudia – já que a figura do professor evoca a figura paterna – merece, em contrapartida, para a menina, o sadismo da transgressão, configurada como castigo, ao outro e a si mesma, pelo despertar do gozo proibido. Numa frustração de um desejo irrealizável, a protagonista se entrega ao prazer da vingança pela expiação, pelo desejo sádico de maltratar aquele que nela desencadeia “negros sonhos de amor”.
Em síntese, notamos, em “Os desastres de Sofia”, um percurso da construção que cada sujeito faz de si mesmo, numa busca pela satisfação de um desejo instaurado na relação com o Outro. A partir da confluência Literatura/Psicanálise apresentaremos uma leitura do conto de Lispector que, num tom memorialista e confessional, estabelece uma relação privilegiada entre a narradora-personagem e o seu professor. A análise ancora-se nas reflexões teóricas de Sigmund Freud, Jean Bellemin-Noël, Adélia Bezerra de Meneses e Yudith Rosenbaum. Com efeito, vemos em “Os desastres de Sofia” muito mais do que uma narrativa que evidencia um comportamento transgressor: a obra aponta, num lance magistral, para uma aprendizagem do amor, percebida na incompletude e carência da narradora-personagem e seu desejo de ser amada, “suportando o sacrifício de não merecer”.

Élcio é mestrando em Literatura e crítica literária na Puc/SP, bacharel em Letras pela USP, e professor de literatura nas Faculdades Integradas Teresa D’Avila – FATEA.

20 julho 2006

Resenhas dos russos

Anna Karienina

Mais importante do que falar sobre esta edição, que é traduzida diretamente do russo, mais crucial do que falar de Tolstoi e sua obra máxima, mais essencial do que comentar sobre a encadernação de luxo, com capa dura, caixa lindamente desenhada, do cuidado editorial sempre presente nas edições da Cosac, é trazer aqui uma das aberturas mais famosas da literatura mundial, pois quem gosta e conhece livro sabe que este pequeno trecho por si só é capaz de dizer tudo: “ Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira”.

Este livro na Rato está com 20% de desconto!
Ligue e reserve o seu: 3266-4476


Poema Pedagógico

Anton Makarenko (1888-1939) redigiu uma obra única em Poema pedagógico. Se de um lado temos um romance com qualidade literária incontestável, de outro, podemos apreciar o relato de uma experiência radical, singular e bem-sucedida no campo da educação: a Colônia Gorki, na União Soviética.
Este livro, de teor ao mesmo tempo clássico e revolucionário, é de extrema importância para professores, educadores e estudiosos das ciências humanas.

Um trechinho: “ ...Aquele dia tão distante, o meu primeiro dia gorkiano, cheio de ignomínia e impotência, parece-me agora um quadrinho minúsculo no vidrinho estreito de um panorama festivo. Já está mais fácil . Até em muitos pontos da União Soviética se ataram fortes nós de um trabalho pedagógico sério, já o Partido vibra os derradeiros golpes nos últimos ninhos de uma infância infeliz e desmoralizada.”

Este livro na Rato está com 20% de desconto!
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Por Paula Fábrio

17 julho 2006

Poste de vapor


Na empolgação do sarau leste europeu, que vai rolar neste domingo, dia 23, 5 da tarde, aí vai um trecho pra lá de saboroso do livro Poste de vapor, de Ferenc Molnár, que também escreveu Meninos da rua Paulo.
Primeiramente vale contextualizar: Molnár é de origem húngara, e nesta obra faz um lindo trabalho de metalinguagem. Extraí este trecho da parte em que ele explica de onde tirou a história de poste a vapor. Este pedacinho é o começo da descrição do personagem, e tem como em quase toda literatura do leste europeu a marca da ironia, do cômico, embora muitas vezes densa.
"Na ilha, ele tinha um único amigo de verdade: o farmacêutico. Esta frase requer duas explicações: 1) como se conheceram, e 2)como passaram a gostar um do outro.
Foi assim:
1. Na ilha, no verão, havia muitas aves canoras, mas rouxinol, apenas um: o farmacêutico. O farmacêutico antecipara em décadas o penteado da juventude fascista. Desejaria pentear os cabelos loiros até o céu, e quase conseguira, tal a altura a que havia chegado a cabeleira vaidosa da juventude..."

Poste de vapor
Ferenc Molnár
Cosac Naify
83 páginas
R$ 29,00
Entrega gratuita para o centro expandido de São Paulo.

História da Arte retorna em Setembro

Devido às férias da professora Dani Nastari, as aulas avulsas de História da Arte na Rato estarão de volta no final de setembro. Aguardem, pois os temas já foram selecionados e tem muita coisa interessante pra ver até o fim do ano.

Por Paula Fábrio

13 julho 2006

7 motivos bem-humorados pra você sair de casa e ir à Flap

1. Desalienação faz bem ao cérebro e à saúde
2. Conhecer pessoas ligadas à cultura pode ser um programaço, e ainda pode rolar paquera
3. Fazer boas aquisições literárias enriquece não só as suas estantes como também a sua alma
4. Encontrar e conversar com escritores, professores da Usp e não pagar nada por isso
5. Guardar dinheiro para ir a Paraty numa época em que a cidade estará mais limpa, vazia e aconchegante
6. Visitar o Espaço dos Sátyros e conferir a programação das peças
7. Ver o pessoal da Rato por lá: não tem preço!

Pra quem ainda não sabe, a Flap é um evento literário que reúne mesas de embates, feira de livros, entre outras coisas. Esta já é a segunda edição do evento, que estreou em 2005. A Flap é organizada pelo pessoal do Projeto Identidade.

Flap
dias 29 e 30 de julho no Espaço dos Satyros
Pça. Roosevelt, 214
a partir das 10 da manhã

Mas lembre-se: um final de semana antes temos sarau na Rato, no domingo!

Por Paula Fábrio

11 julho 2006

Dos lindos lábios para as páginas




"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” canta a leveza e o peso das histórias de amor.

Em flashes, Marçal Aquino conduz a história do fotógrafo Cauby e de Lavínia, mulher exuberante “tocada por luz e sombra”.

Numa tarde luminosa, no Pará, Cauby é invadido por Lavínia, epifânica, de forma arrebatadora e definitiva, no encontro que marca o início do livro e da imaginação do leitor. Uma mulher que o autor tenta, também, desvendar ao longo da história e que nos surpreende, a todos, até os minutos finais.

Marçal nos remete à singeleza, em momentos de linguagem poética e de sentimento ingênuo, ao mesmo tempo em que escancara o desejo, destemido, como as almas daqueles homens e mulheres sob o sol no garimpo.

É nesse cenário que acompanham os nossos olhos, uma paisagem árida: casa de jagunços, de fanáticos, de loucos e de desprotegidos. Alguns, personagens de pequenos mundos desconhecidos, outros que reconhecemos em nossa imagem no espelho, refletidos.

Mergulhados nas correntezas de um amor proibido, ungido a espuma e pedra, a batizarem a alma e a carne, é na mistura do santo e do profano, do corpo e do corpo, que descobrimos, emocionados e surpresos, onde o amor habita.

Por Débora Tavares

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
Marçal Aquino
Cia das Letras
230 páginas
De R$ 39,00 por R$ 35,00

06 julho 2006

Festa desconcertante

A Rato tem o prazer de oferecer seu espaço para a comemoração de 1 ano do site Desconcertos.

Na quinta-feira que vem, dia 13, a partir das 19 horas

entrada franca

POEMAGENS – Um ano do site DESCONCERTOS - Exibição de poemas visuais de Claudinei Vieira e dos poemas animados de Eduardo Rodrigues; participações especiais de várias escritoras e poetas.

Pra quem ainda não conhece o trabalho do Claudinei, vale e muito a pena acessar o site www.desconcertos.com.br e conferir as resenhas, os escritos; o cara sabe muito de cinema, quadrinhos, de tudo!

e amanhã, neste blog, notícias da Flap!

Por Paula Fábrio

03 julho 2006

Machado bebeu ali




Estou lendo Gógol pela primeira vez. O ano é 2006. A edição é de 1972. Dois anos após meu nascimento. A tradução é da Tatiana Belinky. O livro veio de um sebo, pelas mãos de uma menina talentosa, que apresentarei depois.

Capa dura, vermelha. Daquela coleção da Abril que começou apostando nas bancas e terminou correndo prateleiras de usados. O título. Almas Mortas. O estilo. Pra quem não conhece O Inspetor Geral (obra máxima de Gógol), bem diferente do que um autor ucraniano em língua russa inspira e do que o próprio título sugere. Divertido. Autêntico. Daqueles tempos em que o saber escrever era de um respeito inabalável pelo leitor. Os críticos o colocaram na escola naturalista. Mas isso só serve pra atrapalhar o leitor e rotular o autor. O que importa é que Machado bebeu ali. E bebeu bem. E muita gente deveria beber desse licor, que está merecendo uma edição belíssima, com tradução direto do russo, capa moderna - tão contemporânea como o autor.
Estou impressionada. E o mais impensável é que Gógol não chegou a terminar a obra. Jogou no fogo o que seria a segunda parte do livro, publicado graças ao que sobrou dos manuscritos que, por sua vez, se encerram, por assim dizer, sem um adeus sequer, e mesmo com esse detalhe de somenos, a obra agiganta-se a cada página, trazendo razões para provar a divindade das mãos de Gógol.
Almas Mortas fez-me lembrar de Crime e Castigo. Vontade de ler de novo. E de novo. E de me casar com o livro. Preciso urgentemente me saciar com esses russos, conhecer Krudy (húngaro), me debruçar sobre outros escritos de Dostoiévski, observar os banhos com Tchekov, ler Tolstói, Molnar e, por fim, me deleitar com o prazer de um sarau inteirinho dedicado ao leste europeu. Terra de sofrimento. De inteligências e homens raros.
A propósito, a menina talentosa que me emprestou o livro é a Ju Almeida, nossa colaboradora nos saraus.

Minhas próximas leituras, para quem quiser acompanhar:

Companheiro de viagem
Krúdy
Cosac Naify
R$ 43,00

O crocodilo
Dostoiévski
Ed. 34
R$ 29,00

Sarau leste europeu na Rato, pra quem quiser participar:
Dia 23 de julho, domingo, 5 da tarde. Tragam seus textos.

Por Paula Fábrio