15 junho 2006

Pai Goriot


Honoré de Balzac nasceu em 1799, filho de um funcionário público. Entre 1820 e 1824 escreveu algumas novelas sob vários pseudônimos, depois das quais tentou, sem sucesso, ser editor, impressor e tipógrafo. Aos 30 anos, endividado, retornou à literatura com fúria dedicada, e nos vinte anos seguintes escreveu cerca de noventa novelas e contos, aos quais deu o título abrangente de A Comédia Humana, tida como a maior obra épica de sua era. Morreu em 1850, aos 51 anos, poucos meses antes de casar-se com Evelina Hanska, condessa polonesa com quem manteve relações amorosas por dezoito anos.

Pai Goriot é considerada novela-chave na obra de Balzac, mas para compreendê-la não é necessário ter lido qualquer outro volume da Comédia.

Imensa fertilidade mental do autor, a amplitude da sua compreensão e a extensão e multiplicidade de seus interesses refletem todos os aspectos e esferas da atividade humana – homens e mulheres que sobreviveram às guerrilhas civis da Revolução Francesa e ao império de Napoleão, numa época de mudanças importantes nas condições sociais e nos valores de todos os tipos.

Balzac queria expor as forças motivadoras que dirigem homens e mulheres ao longo de suas vidas e mostrar como a estrutura social constrange tais forças enquanto é, ela própria, afetada.

Balzac era um gênio, e estava interessado em registrar o entorno das pessoas – a arquitetura de suas casas, móveis, pinturas, a comida e as roupas – não só a fim de determinar seu tempo e espaço, mas porque o entorno seria uma extensão da personalidade e uma força moldadora.

Trata-se de um romance de formação com lances de tragicomédia. A novela se passa na pensão de Madame Vauquer, em Paris, no ano de 1819. Vemos a cidade pelos olhos do ingênuo e ambicioso estudante Eugéne de Rastignac, hóspede da pensão.


Goriot, também hóspede, é um velho aposentado, outrora próspero, mas que, em virtude do excessivo amor paterno vive em privação, pois todos os recursos são usados na sustentação dos altos caprichos de suas filhas, damas da sociedade parisiense.

Os outros hóspedes são tipos humanos descritos como desprezíveis, com exceção do vilão Vautrin, personagem brilhante e a própria encarnação da força do mal, que tenta o jovem Eugéne com suas teorias rousseaunianas. Não consegue fazer de Eugéne seu discípulo, porém o influencia fortemente.

Acompanhamos o desdobramento gradual da personalidade de Eugéne em seu primeiro ano em Paris, e somos levados a cenários tão díspares quanto quartos e becos miseráveis, mansões e bailes de gala.

Pai Goriot é típica em sua maravilhosa vitalidade e perspicácia, e seu profundo tratamento de duas obsessões tão humanas e ardentes: dinheiro e amor.

por Ju Almeida

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