14 março 2008

Livro eleito pela Rato em 2007 - "Só para fumantes" - ou seja, só para Ratos


O peruano Julio Ramón Ribeyro deixou sua marca em nossa livraria no ano passado.

Com uma narrativa eclética, que mescla o mais refinado humor à sensibilidade que somente os grandes escritores possuem, o livro de contos "Só para fumantes" foi a boa surpresa literária reservada ao ano de 2007.

Mesmo tardiamente falando do título - já estamos em março de 2008 -, o fato ainda é relevante, até com mais intensidade devido ao distanciamento que o tempo possibilita.

Terminei suas últimas páginas em setembro, e até hoje ainda "respiro o roseiral de Silvio", uma das histórias mais extensas e caprichosamente escritas do livro, ao lado de "Só para fumantes" e "Ao pé da escarpa", que juntas podem ilustrar o "espírito" que Ribeyro dá a sua obra.

Sempre com uma linguagem fascinante - que foge da granfinagem erudita, mas ao mesmo tempo é bastante elaborada e com uma capacidade de fluir comparável somente a um Flaubert-, o autor nos revela as várias facetas do mundo que nos cerca, como o sentimento de amor e paternidade em seu momento mais bonito, retratado no conto "Ao pé da escarpa", ou como as "vidas desperdiçadas ou não" em "Silvio no roseiral", ou ainda como a tragicomédia substanciosa do conto que dá título ao conjunto, "Só para fumantes", que pega de surpresa até mesmo o mais desavisado não-fumante.

O livro dispensa ficha técnica. Basta dizer que é a primeira tradução de Ribeyro no Brasil, feita pela excelente editora Cosac&Naify. O valor da obra não tem preço. Mas vale muito mais que os R$ 45,00 cobrados na Rato de Livraria.

"Só para fumantes" esteve na lista dos mais vendidos na Rato no ano passado, algo muito diferente das listas que estão por aí em revistas e nas outras livrarias. Nem precisa explicar por quê. Só precisa ler.

Por Paula Fábrio
diretamente das prateleiras da Rato de Livraria


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