05 junho 2006

Deleite

Nunca vou me esquecer da primeira vez que Ana Leite veio à livraria. Ela saiu cantando bem baixinho, junto com o Zé Modesto ao violão, lá do fundo da casa, e, quando chegou em meio ao público do sarau, fêz-se silêncio imediatamente. O ambiente impregnou-se de uma melodia de seda, de sonho acariciado, mãe acalentando o filho.
Naquele momento, agradeci a Deus pelo presente. Após dias e noites terríveis, coisas de um passado ainda doído e irrefletido, a voz de Ana Leite sobrevinha feito brisa, doce em tarde chuvosa, num misto de paz e prazer. Deleite.
E, hoje, após um show muito brasileiro em renomada casa de espetáculos, ainda sou capaz de ouvir sua voz como da primeira vez - aconchego -, cuidando para manter viva, prendendo entre minhas mãos, essa sensação que vulgarmente costumamos chamar...Felicidade.

Parabéns mais uma vez, Ana Leite.

Paula Fábrio
Rato de Livraria.